Deadpool

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Dentro de todos nós, há aquela criança apaixonada por super-heróis, não importa o quão absurda seja a ideia de um adulto usar uma roupa descolada para bater em bandidos e salvar a sua cidade. De uns anos para cá, os filmes de super-heróis têm conquistado o público geral, de homens a mulheres, de crianças a idosos.

Vamos à sinopse. Quando o ex-militar e atual mercenário Wade Wilson (Ryan Reynolds) é diagnosticado com um câncer em estado terminal, o mesmo encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele então adota o alter-ego Deadpool para buscar vingança contra o homem que destruiu sua vida. E, claro, para fazer você espernear de rir.

O anti-herói Deadpool (que diz que é super, mas não é nem um pouco herói) sempre foi um dos meus preferidos, pois ele debocha de todos e de si mesmo. É um personagem que não se leva nem um pouco a sério. Para os fãs dos quadrinhos, a apresentação do personagem está muito fiel. Era difícil imaginar que fariam um bom trabalho aqui, mas é surpreendente.

Eis a grande surpresa do ano! Este é um filme de comédia, e dos bons. É sério, delfonauta, eu e todos na sala de cinema passamos a projeção inteira chorando de rir. Você simplesmente não se aguenta, as piadas vêm aos montes, sem pausa entre uma e outra. É o tipo de filme que é legal assistir duas vezes para sacar tudo! Quentin Tarantino deve estar orgulhoso do filme, pois os diálogos são sensacionais. O filme já começa com o nosso anti-herói pegando um táxi e batendo um papo tranquilo (e genial) com um taxista indiano.

Tudo no filme é engraçado. É bem sucedido em tudo que tenta: o humor de referências (aos montes), o exagerado comportamento infantil de Wade Wilson (seu relógio dá inveja), a metalinguagem, e por aí vai. E põe metalinguagem nisso. A quarta parede do filme é quebrada a todo momento, e os momentos em que Deadpool fala com o espectador sempre funcionam. Ele se torna um hilário Frank Underwood!

É claro que o filme consegue ser bem sucedido em outros aspectos também. A ação é muito boa, as sequências de luta e os poderes do vermelhinho maluco também impressionam. Os efeitos não estão aos montes, mas são muito bem executados.

O personagem está hilário e é construído muito bem durante o filme. É tão absurda a forma que sacaneia com tudo e com o próprio gênero de heróis que se torna até convincente! Você entende o porquê de ele usar uma máscara e roupa vermelha! É aquele clássico cara meio otário mas que é impossível não torcer por ele. A roupa do anti herói também está muito legal e os movimentos dele também divertem. Inclusive o fato de que os olhos dele se mexem, mostrando sua extrema expressividade quando sacaneia alguém ou quando se assusta.

Em uma cena, Deadpool está tentando fugir de Colossus, que amarrou seu braço. Acontece então o mesmo que acontece em 127 horas (Mas o próprio Deadpool alerta quanto ao spoiler!). Reação: HELL YEAH!

A história, embora simples, é bem construída. O tempo não cronológico também ajuda no ritmo do filme, e a ligação entre as cenas está excelente. Ótimo trabalho de continuação dos roteiristas.

Outro ponto positivo é a trilha sonora recheada de clássicos e de hip hop! É realmente incrível que eles tenham conseguido a proeza de Careless Whisper de Wham encaixar tão bem no filme! Mais um gol de Deadpool!

Quanto à atuação, o longa também agrada. Ryan Reynolds está ótimo aqui. O ator se diverte à beça durante toda a película, e nota-se que ele está totalmente à vontade. Dá até para esquecer alguns vacilos anteriores dele, como aquele último “Deadpool” de X-Men Origens: Wolverine. O próprio Ryan admite a gafe. Aliás, como o filme é escrachado, em um momento o personagem sacaneia até a falta de habilidade de Ryan Reynolds como ator. Genial!

A atriz brasileira Morena Baccarin também está bem no papel de Vanessa, a interesse romântico de Wade. O romance também é muito bom e natural, o que é difícil de ver neste tipo de filme. A relação dos dois é bem trabalhada. Colossus e sua pupila Míssil Adolescente Megassônico (!) são bons personagens também, que não só ajudam Deadpool, mas fazem o mesmo sacanear os X-Men o tempo inteiro.

O único ponto fraco, a meu ver, são os vilões. Não passam do regular, e as atuações não são muito convincentes. Acredito ser a única parte clichê do filme, e poderia ser melhor explorado. Mas com tanta comédia e um longa tão fora do padrão, eles acabam se tornando um elemento secundário.

Deadpool é uma surpresa muito agradável. Não só um excelente filme de “herói”, mas também uma efetiva paródia ao gênero, junto com Kick Ass e Guardiões da Galáxia. Com certeza entrou para minha lista de comédias preferidas, e ainda em fevereiro arrisco dizer que deve ser um dos melhores de 2016. Se você gosta de humor negro, nonsense e escrachado, este filme é para você. Diálogos rápidos e geniais, referências à cultura pop, imprevisibilidade. Parece que mesclaram Homem-Aranha com South Park! Merece o selo delfiano supremo e a recomendação para ser visto no cinema! #peideiesai

REVER GERAL
Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
deadpoolPaís: EUA/Canadá<br> Ano: 2016<br> Gênero: Comédia / Ação<br> Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, T. J. Miller e Gina Carano.<br> Diretor: Tim Miller<br> Distribuidor: Fox<br>