Abzû e por que jogar?

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Por que jogar? “Diversão”, diz alguém. “Desafio”, exclama outro. “Turismo Virtual”, declara um terceiro.

Antes de mais nada, jogar é uma experiência. Passar algumas horas com um controle nas mãos pode ser algo mágico. Tão especial como uma grande viagem. Verdade, não são todos os jogos que conseguem isso. São pouquíssimos, aliás.

Criar videogames é um trabalho ingrato. É a forma de comunicação mais completa, mas por causa disso é também a mais trabalhosa. Muitas habilidades são necessárias. Da sensibilidade de um compositor à imaginação de um desenhista, passando pela habilidade de programadores. Não é uma atividade simplesmente criativa, pois envolve muito de construção também. Assim como um carro, para ser eficiente, um game precisa funcionar.

Se arte é a visão de um único artista, que visa passar seus sentimentos e ideias para o público, videogame não é arte. Pouquíssimos são os jogos que representam a visão de uma única pessoa. Eles são, sim, o produto de um coletivo de experiências, ideias e habilidades. Você pode dizer que por isso são mais diluídos do que uma bela pintura ou um bom livro, mas também por isso têm potencial de ser algo muito mais especial.

Entrar no mundo de um jogo é viver aquela experiência. É escapismo, mas não é necessário que você queira escapar da sua vida para isso. Um jogo que passa sentimentos ou uma ideia é, isso sim, uma oportunidade de entrar na mente de outras pessoas. De sentir coisas que você pode não sentir na sua vida, ou mesmo de treinar aquilo que nem todos temos nos dias de hoje: a empatia.

Abzû é um jogo silencioso, mas que fala muito. Pode ser facilmente comparado a experiências como Journey e Out Of This World. Pode ser considerado um joguinho. É simples de jogar. Ocupa menos de dois giga no HD. Dura, se tanto, entre duas e três horas. Mas vai ficar com você pelo resto da vida. É um jogão, apesar da aparência de joguinho. Já diz o clichê, aparências enganam.

São raros os exemplos que todos os aspectos de uma obra eletrônica convergem para uma experiência inesquecível. Visual, música, controle. Tudo isso faz parte da experiência de um bom jogo. Se uma delas não faz seu papel, a imersão é quebrada. E com a imersão, a magia também vai embora.

Jogar pode ser muitas coisas. Pode ser uma diversão descompromissada. Uma power fantasy ou uma experiência desafiadora. Mas antes de qualquer coisa, um bom jogo é aquele que faz você sentir. E sentir… é viver.

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