A História do Delfos (Parte 1)

0

Aniversário é uma data para se lembrar do passado e planejar o futuro, certo? Então nada melhor do que relembrar tudo que aconteceu nos quatro anos de vida do seu site preferido. Abaixo você encontra a origem, as dificuldades, histórias engraçadas e tudo mais que você sempre quis saber sobre os bastidores do seu site preferido. Uma sugestão que eu dou é clicar nos links de textos que estão no decorrer do histórico, pois, sabendo de tudo que envolveu os bastidores de sua criação, você sem dúvida o lerá de forma diferente.

O texto começa com uma pequena apresentação do site para aqueles que não o conhecem ou que ainda não sacaram qual é a idéia (qual é seu problema, mano?). Se você só quer saber da historinha, é só pular para o item 2. Trechos desse texto foram utilizados em parte do meu TCC do curso de jornalismo da PUC-SP, o que explica as subdivisões (que decidi manter para facilitar a leitura), mas nada tema, pois ele contém a mesma linguagem delfiana que você tanto gosta – nada de citações acadêmicas ou referências bibliográficas maiores que o texto. 😉

1 – DESCRIÇÃO DO SITE

1.1 – A estrutura:

Inicialmente, a proposta do DELFOS era ser um site de cultura geral. Logo percebi que para isso precisaria de muito mais gente do que dispunha e, dado o perfil daqueles que escreveriam, o foco acabou sendo naquilo que nós mais gostávamos, que é cultura Pop, ou “nerd”. Por causa disso, as seções do site foram divididas naquilo que os nerds mais gostam: cinema, música, games, literatura (sobretudo quadrinhos) e televisão. Assim, teria certeza que todo nerd que entrasse no site poderia encontrar algo de que gostasse. Para não limitar, contudo, existe a seção Outros, na qual pode ser encaixada qualquer outra coisa que venha a ser escrita. Até um texto sobre futebol já apareceu por lá.

1.2 – A linha editorial e a reflexão que levou a ela:

O DELFOS é um site jornalístico que não se preocupa com furos. É um site de cultura que não tem a pretensão de cobrir absolutamente tudo o que está acontecendo. É filosófico e reflexivo sem se tornar pedante ou demasiadamente intelectual. E, acima de tudo, pretende ser um site bem humorado e divertido.

A linha editorial consiste no que chamei de jornalismo parcial, ou seja, todas as matérias são opinativas e pessoais, sempre escritas em primeira pessoa. O DELFOS está em algum lugar entre o jornalismo literário e o gonzo sem, contudo, pender para nenhum deles. Mais do que formar opiniões ou quebrar padrões, queremos incentivar o brasileiro a pensar por conta própria. Por causa disso, sempre apresentamos nossa opinião sem impô-la ao público e deixando claro que tudo que esta lá reflete apenas as idéias daquele que a escreveu.

A maior parte dos veículos brasileiros gosta de se apresentar como a verdade absoluta, mesmo quando apresentam posições questionáveis. O DELFOS não faz isso. Claro, o site pode eventualmente publicar algum texto com uma posição questionável (até porque não censuramos opiniões, a não ser que sejam ilegais), mas o público sempre será nosso convidado a debater e apresentar a sua própria opinião – é para isso que existe a seção de comentários. Nesse ponto, o principal diferencial do DELFOS é justamente que nossa posição é sempre clara, já que é comum a grande imprensa esconder opiniões em textos que as expressam quase como se fossem dogmas. É inegável que o simples fato de os acontecimentos passarem pelo filtro do jornalista já impede a matéria de ser 100% imparcial, pois, por mais que tente evitar, todo ser humano tem crenças, valores e sentimentos. As matérias não são escritas por robôs. E nem deveriam.

Além disso, a imprensa cultural tupiniquim é assolada pela síndrome do press-release. Isso significa que dificilmente tem coragem de falar mal de algo, pois isso pode significar perder a “parceria” com a empresa que a lançou. No caso de veículos grandes, essa parceria pode vir através de anúncios pagos – cujo contrato muitas vezes inclui uma resenha positiva. Já veículos menores também sentem essa pressão, pois as empresas podem simplesmente se recusar a fornecer o material necessário para que o trabalho continue – por exemplo, não oferecer mais entrevistas caso o jornalista fale mal de um CD de algum de seus artistas.

Por causa dessa situação, é muito difícil, para não dizer impossível, encontrar qualquer opinião negativa na mídia especializada brasileira. As resenhas de álbuns parecem verdadeiros press-releases e as entrevistas são sempre iguais, como se as perguntas tivessem sido decididas e acordadas em conjunto por todos os jornalistas. O pior é que o público já está tão acostumado com isso que um jornalista pode se tornar inimigo do povo pelo simples fato de fazer uma crítica qualquer a um artista. Basta entrar em qualquer fórum de música e constatar que sempre existe um tópico do tipo “o que a gente faz com um cara desses?”, com um link para uma matéria onde o pobre escriba se deu ao luxo de acreditar que estava em um país com imprensa livre e dizer o que achava.

Por não se submeter a esse tipo de pressão mercadológica, o DELFOS ainda é ignorado por muitas empresas e é sempre citado nesses fórums fanáticos internet afora. Parte do sonho, aliás, é fazer essas pessoas que levam uma resenha negativa como uma ofensa verem que ela é apenas uma opinião e que só um jornalista muito arrogante pensaria algo como “minha opinião vale mais que a sua” ou “quem discorda de mim é um imbecil” que, não por acaso, é justamente a atitude que esse povo dos fórums costuma apresentar.

Através das matérias em primeira pessoa e da sinceridade presente em tudo que publicamos, o público adquire confiança e, de certa forma, até desenvolve amizade com a equipe. Assim, quando damos alguma dica cultural, ela realmente é valorizada, pois não foi um jornalista genérico que a deu, mas alguém que é praticamente um amigo ou, pelo menos, essa é a intenção.

Veículos online costumam publicar textos curtos, que possam ser digeridos pelo público como se fosse um fast-food. O DELFOS quer mais do que isso. Não dá para ser reflexivo ou apresentar idéias complexas em três parágrafos. Por causa disso, algumas de nossas matérias são realmente longas. Elas não são escritas para serem digeridas de forma rápida, mas para acompanhar o leitor pelas horas seguintes à leitura, fazendo-o pensar no que foi dito ali. Além disso, nerds sabem o que é bom e não querem fast-food nem tudo mastigadinho!

Agora que tudo isso está claro para os perdidos, vamos ao prato principal, devidamente dividido em capítulos, para que você possa parar a hora que quiser e continuar depois. 😉

2 – A FENOMENAL JORNADA ÉPICA DELFIANA RUMO À DOMINAÇÃO GLOBAL

2.1 – A idéia

O ano era 2003. Eu estava trabalhando como redator em uma agência de publicidade e terminando o curso na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Já tinha percebido que aquela área não era para mim, mas não sabia muito bem para onde ir. Antes de optar por publicidade, cheguei a considerar jornalismo cultural e essa vontade voltou a aflorar quando conheci alguns sites como A Arca (que infelizmente não está mais no ar), que pareciam ser feitos por pessoas como eu e que tinham alguns benefícios como assistir aos filmes de graça e antes de todo mundo. “Quero isso para mim também”, pensei com meus botões. E assim comecei a planejar o que viria a se tornar o DELFOS.

Inicialmente cheguei a combinar com dois amigos de fazer esse site, sendo que um cuidaria da parte técnica e o outro me ajudaria no conteúdo. Já comecei a escrever algumas coisas nesse período (como as resenhas de Irmão Urso e Matrix Revolutions que estão no ar hoje) e até mesmo a pensar em nomes.

Como desde pequeno era fascinado por mitologias e se tratava de um projeto cultural, decidi fazer uma pesquisa por nomes de deuses relacionados à arte e à cultura. Então me lembrei que Apolo era o deus grego correspondente, mas não achei que Apolo seria um bom nome para o futuro site. Lendo sua história, vi que ele nasceu na ilha de DELFOS. “Hum… DELFOS…”, pensei e anotei o nome em uma lista com outras sugestões. Com o tempo, vi que nenhum dos “parceiros” iria realmente levar a coisa a sério e acabei optando por encontrar outras pessoas que me ajudassem ou, pelo menos, alguém que cuidasse da parte técnica.

Nesse período, me formei na ESPM e, pouco depois, saí da agência onde trabalhava como redator. Era o início de 2004. Estava saindo de um show do Iron Maiden com um amigo, quando comentei sobre a minha idéia. Ele sugeriu que eu colocasse os textos que já tinha prontos no ar em formato blog. Eu respondi que não entendia dessas coisas e ele respondeu que não precisava entender. “Blog é um site para quem não sabe mexer em sites”, foram as palavras do cara (naquela época blogs ainda não eram tão comuns como são hoje). Na semana seguinte, em um dia de ócio, decidi dar uma pesquisada e acabei criando um blog. Mas precisava de um nome. Do que chamar? Obviamente, fui para a minha listinha de sugestões e lá encontrei DELFOS. Esse nome serviria, pelo menos por enquanto.

Com o blog criado (e no ar no endereço http://delfos.zip.net), publiquei o único texto que tinha pronto até então, a resenha de Irmão Urso. Empolgado, escrevi também a resenha do show do Iron Maiden que tinha acabado de acontecer e já a coloquei no ar assim que terminei. Pronto. Era 19 de janeiro de 2004 e uma nova era da minha vida tinha acabado de começar, mesmo que eu ainda não tivesse idéia da importância que essas últimas horas teriam para o meu futuro.

2.2 – Primeiros passos

No dia 21 de fevereiro, foi publicada a resenha do álbum Sad Wings of Destiny, do Judas Priest, de autoria de um colega de colegial, o Bruno Sanchez. Era o primeiro colaborador oficial do DELFOS e o início da formação de uma equipe.

A idéia do blog era encontrar um programador/designer que fosse meu parceiro no projeto, cuidando da parte técnica enquanto eu cuidaria do conteúdo. Enquanto esse cara não aparecia, decidi já ir tentando conseguir os benefícios de imprensa para adiantar as coisas. Depois de algumas credenciais negadas, finalmente consegui ser credenciado para um show, o do Living Colour. E isso veio acompanhado também de um convite para a cobertura da coletiva. E essa coletiva seria um divisor de águas na história do site.

Estamos em abril de 2004 e a importância dessa entrevista, além de ter sido minha primeira cobertura oficial, se deve ao fato de que nela conheci o Thiago Cardim, editor do site A Arca (sob a alcunha de El Cid), um dos sites que haviam me influenciado a começar com o DELFOS. Aproximei-me dele, começamos a conversar e aproveitei para me informar sobre como as coisas funcionavam no até então nebuloso mundo do jornalismo cultural. Principalmente as tão cobiçadas sessões de cinema para imprensa.

Ele me mandou alguns contatos de assessorias e eu as usei para começar a colocar o DELFOS no meio da imprensa paulistana. Obviamente, a maioria delas me ignorou ou me tratou mal, mas alguns me colocaram no mailing e os primeiros releases e convites começaram a chegar.

Ainda em abril, fui convidado para um evento importante: a cabine (nome dado às sessões de cinema para imprensa) de Diários de Motocicleta, seguida de uma entrevista coletiva com o diretor Walter Salles, atores (como Gael García Bernal) e mais algumas pessoas relacionadas ao longa. Nesse evento, encontrei novamente o Thiago e fomos desenvolvendo uma certa amizade e parceria entre nossos sites. No mesmo mês, alguns textos meus foram publicados na Arca, o que me deixou bem feliz, pois para mim significou que eu estava passando de fã para colega.

Pouco depois, através do DELFOS, fui convidado a fazer parte da equipe do site de Rock Whiplash (www.whiplash.net). Essa parceria possibilitou que eu cobrisse vários shows sendo credenciado pelo site maior, sem falar que dava uma maior visibilidade aos meus textos. Aos poucos, conforme o DELFOS foi crescendo, preferi ser credenciado através do meu próprio trabalho, mas até hoje mantenho uma parceria amigável com o Whiplash, enviando textos nossos para eles que, em troca, divulgam o nome DELFOS. Com certeza muitos delfonautas (apelido carinhoso dado para o público do DELFOS) fiéis hoje nos conheceram através do Whiplash.

Com essa nova parceria e o aumento na freqüência de cabines e credenciais de shows, o DELFOS começou a ser menos hobby e mais trabalho e eu realmente comecei a me sentir um jornalista. A maior visualização permitida pelo Whiplash, contudo, trouxe as minhas primeiras decepções com o público, sobretudo com a burrice e o fanatismo dos fãs de Metal – o que inclusive me inspirou na criação de vários textos e fez com que a linha editorial “parcial” do DELFOS ficasse ainda mais forte.

Em maio, fiz minha primeira entrevista exclusiva, com a banda Queen Cover. Depois disso, acabei ficando amigo do guitarrista Márcio Sanches e, através dele, conheci outros músicos, como o Fabrício Ravelli, na época baterista da veterana banda Harppia, que foi minha próxima entrevista exclusiva.

Um desses meus novos amigos (que eu não vou dizer qual para não ter absolutamente nenhuma forma de identificar o vilão da história), ao saber da minha procura por alguém que manjasse da parte técnica da internet, passou meu telefone para um amigo dele, que chamaremos de agora em diante de Mr. X. Conversei com o cara, que tinha até uma empresa de hospedagem e voilá, tinha um parceiro para colocar o site no ar de vez. Infelizmente. Esse “infelizmente” se deve ao fato de que ele viria a prejudicar muito mais do que ajudar. Sim, o Mr. X foi o arquiinimigo do DELFOS, mais até do que o Torquemada. Mas vamos contando conforme as coisas forem acontecendo.

Aliás, a seção música estava animada no mês em questão (maio), pois foi também quando fiz a minha primeira entrevista exclusiva internacional, por telefone. E foi logo com Blackie Lawless, líder do W.A.S.P., uma das minhas bandas preferidas e que não tem exatamente a fama de ser um cara simpático. De qualquer forma, a conversa foi muito bem e está até hoje entre as entrevistas que fiz que mais gosto. Várias outras foram feitas nesse mês, como com as bandas Hammerfall e Grave Digger (e esta foi a primeira decepção por causa da antipatia do entrevistado, sobretudo para o Bruno, que participou da elaboração das perguntas e é um grande fã da banda).

Enquanto isso, o Mr. X pediu um tempo para terminar outros projetos antes de começarmos a trabalhar no site de vez. Não vi problemas nisso a princípio, pois ele sempre dizia que demoraria só mais uma ou duas semanas (que nunca terminavam).

Quanto mais o DELFOS se tornava um trabalho, mais eu começava a pensar que, ao invés de ter um parceiro, seria melhor contratar alguém. Falei com o Mr. X sobre contratá-lo para o serviço e ele topou. Ainda assim, combinamos uma parceria de o site ser hospedado na empresa dele em troca de um link na página de Quem Somos. Depois de uns meses de enrolação, falei para ele que seus projetos não estavam ficando prontos nunca, então, se ele quisesse pegar o DELFOS, era para começar logo. Ele aceitou. Combinamos um preço e o prazo: em setembro de 2004, o site teria que estar no ar. Também combinamos de registrar o endereço www.delfos.art.br. Para ter esse registro, era necessário um CNPJ e usamos o da empresa do cara. Afinal, ficaria hospedado lá mesmo. Era o início de uma seqüência de grandes erros relacionados ao portal, que iriam explodir na minha mão meses depois.

Confiando na palavra do cara, peguei com o Márcio Sanches o contato do guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura. Planejava fazer uma entrevista caprichada com ele, para ir ao ar junto com a estréia do DELFOS portal em setembro. A entrevista foi feita e ficou ótima, mas o site não ficou pronto a tempo. Como sempre pensávamos que entraria no ar em breve, seguramos a matéria e ela acabou só indo ao ar depois de bastante tempo.

Quando vi que o portal não ficaria pronto no prazo, comecei a desconfiar e optei por contratar outra pessoa. Conversei com o cara, ele entendeu e até mantivemos a parceria de hospedagem.

2.3 – Casamento alquímico: a difícil evolução para portal

Nessa época, eu já sabia que queria um mascote para o site. Depois de muito pensar e consultar outras pessoas, pensei em um dragão chamado Alfredo. Por que Alfredo? Porque é um nome que soa engraçado, mas sem parecer gozação, como seria com Godofredo, por exemplo. O problema é que eu não desenho. Pelo menos não bem o suficiente para fazer algo do tipo. Mas um dos meus colegas da ESPM, Adriano Borges, mandava muito bem nisso e passava boa parte das aulas desenhando personagens de animês e bichinhos fofinhos. Ele era o cara indicado para o trabalho. Mandei um e-mail para ele, que aceitou a proposta. Paralelamente, após entrevistar algumas pessoas, fechei negócio com um webdesigner, que “subcontratou” um programador.

Em algum tempo, fechamos o personagem, mas eu queria mais alguns desenhos. Aí começou a complicar, pois o ilustrador não conseguia terminá-los por falta de tempo. Os novos contratados estavam esperando o mascote ser 100% finalizado para começarem o trabalho, então isso atrasou mais alguns meses. Até que, cansado de esperar, falei para começarem a fazer o site e, pouco depois, o Adriano desistiu de fazer o restante dos desenhos.

O layout foi fechado relativamente rápido e de forma simples, mas a programação foi um pesadelo. Vários programadores passaram pelo DELFOS e nenhum deles parecia ser capaz de cumprir o prazo que eles mesmos propunham – o que até hoje me parece um problema onipresente nos brasileiros, e eu não consigo entender o motivo, já que nunca perdi um prazo na vida. Quão difícil é ter noção de quanto tempo você demora para fazer seu trabalho? Isso é completamente impossível de entender para mim, já que tenho a mais exata noção de quanto eu demoro para escrever qualquer tipo de texto. Além disso, a possibilidade de acontecer algum imprevisto grave o suficiente para impedir que o trabalho seja feito é mínima e, mesmo nas vezes que aconteceu, eu sempre dei um jeito.

Mais ou menos nessa época, tinha decidido fazer faculdade de jornalismo e passei na PUC-SP. Logo no primeiro semestre do curso (fevereiro de 2005), conheci o Carlos Cyrino, que em pouco tempo viria a se unir a mim e ao Bruno na equipe e eventualmente se tornaria meu braço direito no projeto. Principalmente quando, em abril de 2005, eu comecei a trabalhar em uma revista de games, o que impossibilitava que eu pegasse as cabines. Acabou sobrando para o Cyrino, que cuidou de quase todo o conteúdo de cinema criado nesse ano (ou pelo menos até eu pedir demissão da revista, em setembro). Nessa época, o João Paulo Rezek, que havia cursado faculdade de cinema junto com o Cyrino, começou a mandar alguns textos para o site, como colaborador ocasional.

Praticamente todo o ano de 2005 foi uma jornada épica para transformar o blog amaldiçoado em um site de verdade. O engraçado é que o conteúdo já era bem profissional, mas o layout de blog afastava as pessoas. Tanto que as visitas não chegaram a aumentar muito em nenhum momento.

Durante esse ano, houve muitas brigas com o webdesigner (que era responsável pelos programadores, já que foi ele quem eu contratei) e, quando o site finalmente entrou no ar (em um endereço escondido, para que pudéssemos fazer testes e mudar coisas), muitas funcionalidades estavam faltando. Ou seja, mais brigas e mais enrolação da parte dos dois, que teriam economizado muito tempo se tivessem simplesmente feito o trabalho combinado ao invés de ficar brigando. É engraçado como brasileiros no geral tendem a fazer um trabalho porco, estourando o prazo e, quando a bomba estoura, ainda acham que têm razão. Um dia ainda vou entender isso… Enfim, enquanto esses ajustes eram feitos, comecei a transferir todo o conteúdo do blog para o site, trabalho manual sacal que levou várias semanas.

Enquanto isso, já começava a ter sérios problemas com o Mr. X. A empresa dele não fornecia um painel de controle ou algo do tipo onde eu pudesse gerenciar o site. Ou seja, para criar e-mails ou fazer qualquer coisa mais técnica, era necessário pedir para ele. E coisas simples, como um novo e-mail, levavam semanas de muita insistência até ele decidir fazer. Sem falar que a empresa nem sequer oferecia estatísticas de visitação para saber quão acessado o DELFOS seria.

Diante da aparente incapacidade do programador em terminar o site, acabamos concordando que ele faria um mínimo essencial e que seria pago em uma quantia inferior à combinada. Mais alguns meses de enrolação e esse mínimo finalmente ficou pronto nos primeiros dias de 2006. Precisando descarregar um pouco o estresse dos últimos meses, tinha combinado uma Road Trip pelo Brasil com alguns amigos. Essa viagem levou todo o mês de janeiro e eu me programei para que o site fosse ao ar na semana seguinte ao meu retorno. Ainda na viagem, recebi um e-mail do Bruno dizendo que estava saindo da equipe. Até hoje não entendi o timing do cara, pois finalmente o momento pelo qual tínhamos trabalhado tanto nos últimos dois anos tinha chegado, mas isso era uma decisão dele. E significava que o Cyrino e eu teríamos que tocar o site sozinhos. No dia 30 de janeiro de 2006, o DELFOS estreava gloriosamente da forma que sempre deveria ter sido: um portal cultural. E amanhã a gente continua, com o portal entrando no ar, as dificuldades que quase mataram o site, as ruivas com bacon e, é claro, as musas. Hum… musas…

Galeria