A Garota de Fogo

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Este é mais um daqueles filmes difíceis de se resenhar porque ele funciona melhor se você não souber nada a respeito. Mas como isso inviabilizaria meu trabalho, vou tentar seguir em frente sem entregar muita coisa a respeito de A Garota de Fogo.

Tudo gira ao redor de três personagens. Luis é um professor desempregado que tem uma filha com leucemia e o prognóstico não é nada bom. A menina curte animês e, para realizar um de seus desejos (talvez o último), quer comprar para ela o vestido de uma personagem de um de seus animês favoritos. Só que o troço é caro e a grana é curta.

Sua sorte parece mudar quando ele encontra Bárbara, uma mulher perturbada por problemas psicológicos. Ele tenta então fazer com que ela, casada com um sujeito rico, lhe arrume a grana necessária. Só que ela tem uma espécie de anjo da guarda em Damián, um velho professor aposentado. E inevitavelmente os caminhos dessas três figuras vão se cruzar.

Este estilo de narrativa com personagens que aparentemente não têm nada em comum, mas que eventualmente terão suas histórias interligadas, lembra muito os primeiros filmes do mexicano Alejandro González Iñárritu. Porém, com uma pegada mais sombria, esquisita, menos óbvia.

A trama geral segue a linha “mundo cão” de história, onde os personagens, mesmo com as melhores intenções, acabam por fazer coisas erradas e às vezes horríveis para atingir esses objetivos nobres. O roteiro também não se preocupa muito em entregar tudo mastigado e várias peças do quebra-cabeça narrativo são apenas jogadas e cabe ao espectador encaixá-las em seu devido lugar e formar o quadro geral.

Embora o filme seja interessante, é um pouco longo demais e o terceiro personagem, Damián, entra um tanto tardiamente na história. Na verdade, eu estava considerando dar uma nota dois e meio para ele enquanto assistia e assim agraciá-lo com o famigerado epíteto de filme nada.

Contudo, seu final é muito mais forte do que eu esperava e isso, além de terminar o longa com uma boa impressão, valeu um meio Alfredo a mais, deixando-o um pouco acima da média de um filme nada. A Garota de Fogo é um bom filme, mas certamente não para todo mundo. Se você gosta dos primeiros trabalhos do Iñárritu ou de histórias com temática mais fortes, vale uma conferida.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
a-garota-de-fogoPaís: Espanha/França<br> Ano: 2014<br> Gênero: Drama<br> Duração: 127 minutos<br> Roteiro: Carlos Vermut<br> Elenco: José Sacristán, Marina Andruix e Raimundo de los Reyes.<br> Diretor: Carlos Vermut<br> Distribuidor: Esfera<br>