A Cura

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Sabe que, antes de hoje, eu nunca tinha percebido que o diretor de O Chamado, Piratas do Caribe, O Cavaleiro Solitário e Rango (livrai-nos do mal, Odin pai todo poderoso) era o mesmo caboclo?

E considerando que o sujeito tem no currículo alguns dos filmes mais rentáveis de Hollywood, me chamou a atenção eles destacarem o fato de ele ter dirigido o primeiro O Chamado na divulgação. Claro, o motivo é óbvio. A Cura é um suspense, bem mais próximo em gênero do filme da japinha cabeluda do que do Johnny Depp de dread.

Aqui conhecemos o Harry Osbourne (Dane DeHaan), que após a morte do Norman, assumiu a empresa e virou um executivo bem sucedido da Oscorp de Wall Street. Peraí, você está querendo me dizer que na sua cabeça os filmes não existem todos em um único universo? Que vida chata deve ser a sua…

Então, o Harry, que aqui chama Lockhart, é enviado pelos outros executivos para ir até um sanatório na Suíça e trazer de volta um ex-manda-chuva da empresa que acabou ficando por ali.

O lugar, no entanto, não é o que parece. Até porque ele parece deveras aprazível. Trata-se de uma casa grande nos alpes suíços, com uma belíssima vista das montanhas. É um dos visuais mais bonitos que já vi na tela grande, e me lembrou uma mistura de Resident Evil com Ico.

No entanto, há algo sinistro com o lugar, que parece não estar muito a fim de dar alta para os seus pacientes. O que está rolando? Descobrir isso é a graça do filme, que obviamente só vai explicar tudo nos últimos minutos.

A direção do Gore Verbinski é bem estilosa. Logo no início, tem uma cena de atropelamento que é realmente impressionante, e talvez seja um dos momentos mais aflitivos do longa.

A montagem, por outro lado, me incomodou bastante. Ele intercala linhas de tempo de forma que as coisas simplesmente não se encaixam. A cena do crematório, por exemplo, é uma das grandes vaciladas, e poderia ter sido excluída. Além dela, há erros feios de cronologia (então os dentes crescem de volta?) e uma certa máscara que não faz sentido nenhum. Sério, se você entendeu o que estava por baixo da máscara, por favor me explique.

E já que falamos em montagem, A Cura realmente carece de um editor mais implacável. Duas horas e meia é simplesmente muito tempo para um longa que é basicamente composto de um plot twist. O twist em questão eu até achei bacaninha, mas é batata que o negócio demora bem mais para chegar aos finalmentes do que o necessário.

Outra coisa que merece ser destacada é que a trama toda parece um pouco demais com Ilha do Medo, aquele mesmo do Scorsese. Teve mais de um momento, aliás, que eu achei que o twist do filme seria exatamente igual. Felizmente não foi, mas há muitas semelhanças na construção da história.

Não achei A Cura um filme ruim. Ele é longo demais e perde a mão em vários momentos, mas poderia ter rendido um bom suspense de uma hora e meia, ainda que não um necessariamente muito criativo. O que temos aqui, no entanto, é apenas um filme nada. Um filme nada grandão.

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Nota
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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
a-curaPaís: Alemanha / EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Suspense<br> Duração: 146 minutos<br> Roteiro: Justin Haythe<br> Elenco: Dane DeHaan, Jason Isaacs e Mia Goth.<br> Diretor: Gore Verbinski<br> Distribuidor: Fox<br>