Delfos, 2:22, Encontro Marcado

Certos filmes até conseguem apresentar uma ideia legal, que poderia render uma boa história. Só que acabam se perdendo em algum ponto pelo caminho e não conseguem transformar essa ideia em mais do que isso. É o caso com 2:22 – Encontro Marcado.

Um sujeito começa a passar por experiências estranhas quando, um dia, percebe que coisas do cotidiano começam a se repetir exatamente nos mesmos horários, na mesma ordem. Culminando sempre num evento trágico na Grand Central Station de Nova Iorque às 2:22 da tarde.

Não se trata dele estar preso no mesmo dia, tipo em Feitiço do Tempo. Só que os eventos se repetem todos os dias, num mesmo padrão. Por exemplo, não importa onde ele esteja ou o que esteja fazendo, todo dia às 11:58 uma gota d’água vai pingar na mão dele e por aí vai.

Poderia ser legal, esse mistério do que está acontecendo e dele tentando entender o que significa esse padrão e o que fazer para mudar o que ocorre às 2:22. Só que não é. Porque este é o caso de uma ideia interessante que não souberam aproveitar.

Embora o filme seja considerado um suspense, todo seu primeiro ato se desenrola muito mais como um romance estilo “escrito nas estrelas”, onde ele conhece uma mulher que parece ter sido feita especialmente para ele e acaba descobrindo que eles possuem mais ligações entre si do que o normal. O que o faz pensar que ela também possui uma conexão com os padrões que ele está vivenciando.

Delfos, 2:22, Encontro Marcado, Cartaz

Esse começo não chega a ser ruim e ele até prende a atenção pela curiosidade de sabermos que diabos está acontecendo. Só que conforme a história avança, e vai entrando mais no suspense propriamente dito, ela se perde de vez.

O verdadeiro motivo é uma grande bobagem, todo seu desenrolar é conduzido de forma bem burocrática e aí o filme ainda cai na bobagem de tentar explicar o que nem precisa de explicação. Tipo: é legal tentar juntar as peças para saber como quebrar o ciclo. Já saber o que causou esse padrão repetitivo é totalmente desnecessário.

No entanto, o filme inteiro tem uma vibe meio esotérica, então não se pode dizer que dentro desse contexto as soluções de roteiro não fiquem deslocadas… Enfim, cada um com seu gosto. Eu não curti.

Mesmo com um roteiro destrambelhado, irregular e que em vários momentos não sabe bem em que direção seguir, não chegou a ser algo ruim de assistir. Eu o coloco abaixo de um filme nada. Não recomendaria, mas existem coisas piores por aí.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
222-encontro-marcadoTítulo: 2:22<br> País: EUA/Austrália<br> Ano: 2017<br> Gênero: Suspense<br> Duração: 98 minutos<br> Distribuidora: PlayArte<br> Diretor: Paul Currie<br> Roteiro: Todd Stein e Nathan Parker<br> Elenco: Teresa Palmer, Michiel Huisman e Sam Reid.